Quanto mais novos os filhos forem, mais cuidados e atenção eles precisarão, sendo natural que os pais dediquem tempo maior às crianças. É de se esperar que a pessoa abra mão de algumas das suas atividades e mude a sua rotina quando se torna pai ou mãe. Mas mesmo sendo pai ou mãe, é importante “existir” além desses papéis. Mesmo tendo um filho, a pessoa ainda precisa preservar o seu “eu”, tendo um tempo para si, para cuidar da sua saúde, ter os seus momentos de lazer, as suas amizades, a sua atividade profissional, a sua vida de casal (se tiver um namorado ou esposa, ou interesse em começar uma relação). Alguns desses momentos poderão ser junto com os filhos, mas outros serão sem os filhos. Cada fase de vida da criança exigirá uma dedicação diferente, influenciando no tempo que a pessoa poderá se dedicar nesses outros campos da sua vida.
A pessoa poderá investir mais ou menos tempo nessas atividades de adulto conforme a sua personalidade, a sua condição financeira e o apoio que recebe das pessoas próximas (por exemplo: familiar, babá, escola, amigos, …). Às vezes alguns pais se sentem culpados quando se dedicam a outras coisas que não os filhos, sentem como se estivessem sendo egoístas ou negligentes. É preciso ficar atento a esse sentimento de culpa, costuma ser sinal de que algo precisa ser trabalhado emocionalmente. É importante o equilíbrio, nem 8 e nem 80 (os pais necessitam de um tempo para eles mesmos e também para se dedicarem aos seus filhos, brincando, conversando sobre os acontecimentos do dia a dia da criança, orientando, estabelecendo limites, estando presente na vida do seu filho com qualidade).
Assim como os pais precisam de um tempo sem os filhos, o filho também necessita de um tempo sem os seus pais, para assim desenvolver cada vez mais a sua autonomia, segurança, autoestima e outras habilidades que serão importantes no futuro da criança quando for adulta. Esse desenvolvimento começa desde cedo, como por exemplo, quando o filho brinca sozinho, se relaciona com os seus amiguinhos, vai à sua escola, realiza as suas tarefas de casa, … As crianças e os adultos tem que lidar com a ansiedade de não ter um ao outro ao lado o tempo todo.
É possível sim os pais realizarem as suas atividades mesmo com crianças mais novas ao seu lado (exemplo: arrumar a casa, ler um livro, conversar com um amigo, …), mas para isso acontecer, os pais terão que dizer “não”, acalmando os seus filhos, explicando à criança que não pode interromper a todo momento, como por exemplo quando está conversando com outro adulto. Dessa forma, estará ensinando e ajudando a criança a lidar com as suas frustrações e ansiedade. A criança precisa entender que terá que respeitar o espaço dos pais e que não poderá ser “atendida” o tempo todo a qualquer momento (claro que isso não se aplica na questão da criança estar com fome, medo ou situação de emergência. Nesses casos, os pais atenderão ela e interromperão o que estão fazendo para acudir a criança). Ao ensinar os filhos a aceitarem esses limites, os pais estarão preparando a criança para o mundo, ajudando-a a entender que nem tudo será do seu jeito e que as pessoas não estarão ao seu dispor, correspondendo a todas as suas expectativas. Dessa forma, estará tornando o seu filho mais resiliente e fortalecido emocionalmente para a vida pessoal e profissional.
Os pais precisarão ter calma e persistência para educar os seus filhos, para ensinar a lidarem com a ansiedade e a frustração. Dará trabalho aos pais instruir e ensinar a criança a ter paciência e aceitar os limites. É indicado o acompanhamento com o psicólogo quando os pais se sentem culpados, inseguros ou quando têm dúvidas sobre o tempo ideal para se dedicar a si mesmo e aos seus filhos. Também é aconselhado o atendimento psicológico quando os pais têm dificuldades em estabelecer limites, deixando o filho “tomar conta” da casa e da família, ditando ordens (como por exemplo: o que e onde a família vai comer), fazendo birra, exigindo que os pais estejam sempre a entretendo.
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